39° Congresso Brasileiro de Urologia

Dados do Trabalho


Título

O USO DE ESTATINAS E FATOR DE RISCO PARA A DIMINUIÇAO DOS NIVEIS SERICOS DE TESTOSTERONA EM HOMENS DE MEIA IDADE?

Introdução e Objetivo

A deficiência de testosterona (TD) afeta várias funções importantes nos homens, como perda de libido, comprometimento da espermatogênese e transtornos de saúde mental. Comorbidades como obesidade, síndrome metabólica e o uso de alguns medicamentos, entre outras causas, podem contribuir para a diminuição da testosterona (T). Uma vez que o colesterol é um precursor da via de esteroidogênese, tem sido postulado que o uso de estatinas possa reduzir os níveis de T e contribuir para o hipogonadismo nesses pacientes. Dados recentes, inclusive em metanálise sugerem que uso de estatinas estão associados à valores diminuídos de T. O presente estudo teve como objetivo investigar a associação do uso de estatinas com a TD em uma coorte de homens de meia idade.

Método

Analisamos um banco de dados prospectivamente mantido de pacientes atendidos de agosto de 2022 a junho de 2023 em uma clínica urológica. Dados sociodemográficos, perfil de comorbidades e parâmetros da síndrome metabólica e uso de estatinas foram avaliados. A obesidade foi definida como circunferência da cintura >102 cm. Foram coletadas amostras de sangue pela manhã e perfil hormonal foi avaliado. Níveis baixos de testosterona foi definido como níveis de T <300 ng/dL. Utilizamos um modelo multivariado para identificar preditores independentes de TD, que incluíram o uso de estatinas, idade e obesidade.

Resultados

Incluímos um total de 549 homens com idade mediana de 59 [49-69] anos. 164 (30%) faziam uso de estatinas, e níveis diminuídos de T foi observado em 75 (13,7%) sujeitos. Os níveis de T foram significativamente mais baixos entre os usuários de estatinas em comparação com os não usuários, 451 [318-571] ng/dL e 501 [359-622] ng/dL, respectivamente (p<0,001). Na análise univariada, o uso de estatinas (OR 1,81 [95%IC 1,10-3,66], p=0,021) e Circunferência Abdominal >102 cm (OR=6,81 [95%IC 2,24-9,3], p=0,001) estiveram associados à valores diminuídos de T. Idade não diferiu entre os grupos. Na análise multivariada, a obesidade foi o único preditor de TD (OR=6,03 [2,14-9,77], p<0,0001).

Conclusão

O uso de estatinas não foi um preditor de TD em nossa amostra. É provável que seja um fator de confusão que perde seu valor preditivo após o ajuste para obesidade sabidamente associada a níveis mais baixos de T.

Área

HPB

Instituições

UEFS - Bahia - Brasil

Autores

THIFANY NOVAIS DE PAULA, CAROLINE SANTOS SILVA, MONIQUE TONANI NOVAES, FERNANDA SANTOS DA ANUNCIAÇÃO, LEONARDO SELIGRA LOPES, RICARDO BRIANEZI TIRABOSCHI, CRISTIANO MENDES GOMES, RICARDO GASSMANN FIGUEIREDO, EDUARDO PAULA MIRANDA, JOSÉ BESSA JÚNIOR