Dados do Trabalho

Título

REAVALIANDO OS NIVEIS DE TESTOSTERONA EM HOMENS: A INFLUENCIA DA IDADE E DA OBESIDADE

Introdução e Objetivo

Historicamente atribuiu-se ao envelhecimento papel significativo no declínio dos níveis de testosterona. Recentemente alguns pesquisadores sugeriram que os homens jovens apresentariam valores de testosterona maiores do que os homens de meia idade e que os valores de referência precisariam ser revistos. Evidências contrárias sugerem que, mais do que a idade, as comorbidades, especialmente a obesidade, têm um papel importante na diminuição dos níveis de testosterona em homens jovens e de meia-idade. Nosso estudo visa comparar os valores de testosterona sérica e a prevalência de “testosterona baixa” em homens adultos jovens e de meia idade e avaliar o papel da obesidade neste processo.

Método

Trata-se de um estudo observacional, transversal realizado com uma amostra de 3.646 homens, divididos em dois grupos etários: adultos jovens (18-44) e homens de meia idade (45-64) avaliados em uma clínica de assistência à saúde do homem. Foram avaliados os valores séricos de testosterona total (TT), adotando-se como critério de “testosterona baixa”, valores inferiores a 300 ng/dL. Além da testosterona foram avaliados os valores da glicemia, triglicérides, HDL e medida a circunferência abdominal. Obesidade foi definida como circunferência abdominal > 102 cm.   

Resultados

A mediana dos valores séricos da TT na amostra foi de 432 [329-560] e foi semelhante entre os grupos, 437 [328-557] IIQ ng/dL e 431 [329-560] IIQ ng/dL para homens jovens e de meia idade, respectivamente (p=0,782). A prevalência global de “testosterona baixa” foi de 19,2%, também sem diferença significativa entre os grupos (20,1% entre jovens e 19,0% entre homens de meia idade). A prevalência de obesidade na amostra foi de 31%. Num modelo de análise multivariada ajustado para idade, obesidade manteve-se fortemente associado a níveis de testosterona diminuídos (OR=4,81[4,08-5,71] IC95%).

Conclusão

Não podemos demonstrar diferenças nos valores séricos da testosterona nos grupos etários estudados, nem tampouco aumento da prevalência de “testosterona baixa” com o envelhecimento. Nossos achados sugerem um papel pouco importante e secundário do envelhecimento na diminuição dos valores séricos da testosterona e reitera o papel da obesidade nesse processo. Entendemos ainda que não seja necessária a redefinição dos valores de referência dos valores séricos para os adultos jovens.