Dados do Trabalho
Título
PIELONEFRITE XANTOGRANULOMATOSA COM PIONEFROSE VOLUMOSA EM PRIMIGESTA: MANEJO CLINICO-CIRURGICO
Introdução e Objetivo
A pielonefrite xantogranulomatosa (PXG) é uma infecção renal crônica que ocorre tipicamente em mulheres com nefrolitíase e infecções de trato urinário (ITU) de repetição. A prevalência é baixa, sobretudo em gestantes, com poucos casos relatados até hoje. O manejo não é consensual, mas, em geral, envolve antibioticoterapia e nefrectomia. Objetiva-se relatar o caso de uma primigesta no 3º trimestre com PXG, discutindo as melhores opções para o seu manejo.
Método
Primigesta de 29 anos, na 31ª semana de idade gestacional, com histórico de ITU recorrentes e nefrolitíase, foi admitida com dor lombar à esquerda com 1 dia de evolução. Ao exame, apenas taquicardia leve, avaliação fetal sem alterações. A ressonância magnética de abdome mostrou rim esquerdo aumentado - 20 cm no maior eixo, afilamento de parênquima, acentuada dilatação pielocalicinal com material espesso preenchendo os cálices - secundária a uma estenose da junção ureteropiélica (JUP) e sinais de inflamação perirrenal - sendo a PXG um diagnóstico provável. Foi iniciado manejo clínico com antibioticoterapia guiada por urocultura. Diante da melhora clínica, manteve-se tratamento expectante até o parto. No 10º dia de puerpério, foi implantado o cateter duplo J e no 15º foi realizada a nefrostomia - com drenagem média de 1800 mL/dia de conteúdo purulento nos primeiros dias. Após 12 dias, houve redução significativa do tamanho renal, o que oportunizou uma nefrectomia videolaparoscópica esquerda, com remoção do órgão pela cicatriz da cesárea, sem complicações. O exame anatomopatológico confirmou a PXG.
Resultados
A paciente apresentou uma PXG complicada com volumosa pionefrose, secundária à estenose de JUP. Tal qual outros casos relatados em gestantes, havia história de nefrolitíase e o sintoma principal foi a dor lombar - sendo singular, neste caso, a hipotermia. Destaca-se aqui a efetividade do tratamento: manejo clínico até o parto - com boa resposta à antibioticoterapia, seguido de drenagem por nefrostomia que possibilitou a nefrectomia pós-parto - sem risco fetal e com menor dificuldade técnica, tanto pela diminuição da inflamação, como por ter sido possível confeccionar pneumoperitônio adequado. Ainda, foi possível remover o órgão pela incisão da cesárea, contribuindo para a satisfação da paciente quanto ao tratamento.
Conclusão
Este caso reforça que a antibioticoterapia aliada a nefrostomia prévia parece ser uma abordagem eficaz, que facilita o tratamento definitivo e diminui as taxas de complicações.
Área
Infecção
Instituições
Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná - Paraná - Brasil
Autores
JUAN EDUARDO RIOS RODRIGUEZ, PAULO AFONSO LOPES LANGE, FABIANE ZIVANOV ROXO, ALEXANDRE GILBERTO SILVA, DÉBORAH CRISTINA ANDRADE NEVES, FERNANDA BIASE DA CUNHA, CAIO CESAR SOUZA SMANIOTO, NATHALIA MITSUE KISHI, MARCELO ALVES ARANHA