Dados do Trabalho
Título
TRATAMENTO DE CALCULOS COMPLEXOS POR VIDEOLAPAROSCOPIA: EXPERIENCIA DE 19 ANOS EM UM CENTRO TERCIARIO
Introdução e Objetivo
A cirurgia laparoscópica para o tratamento dos cálculos grandes do trato urinário superior vem ganhando espaço em relação a cirurgia aberta devido a um melhor efeito cosmético, menor dor pós-operatória, perda sanguínea, complicações de ferida operatória e tempo de internação hospitalar. Vantagens claras e conhecidas da laparoscopia em relação a procedimentos abertos. No Guideline da EAU 2021, ela é vista como alternativa aos casos de cálculos não resolvidos pela via endoscópica. O presente estudo se propôs em descrever a experiência em 19 anos no tratamento laparoscópico de cálculos complexos em um centro terciário e especializado no tratamento da litíase urinária.
Método
Foi realizada análise retrospectiva de prontuários dos pacientes submetidos ao tratamento videolaparoscópico dos cálculos urinários do trato urinário superior (TUS) neste serviço entre Agosto de 2003 e Dezembro de 2022. A indicação para abordagem videolaparoscópica ficou a critério da equipe do hospital. Todos pacientes foram seguidos por pelo menos 4 meses.
Resultados
No período analisado, 92 procedimentos laparoscópicos foram realizados para cálculo renal, sendo a decisão baseada na identificação de cálculos grandes localizados em divertículos calicinais, impactados no ureter e pelve renal ou em casos de falha da litotripsia extracorpórea ou ureteroscopia. Dentre os procedimentos, 41 pielolitotomias (13 a esquerda e 28 a direita), 45 ureterolitotomias (18 a esquerda e 27 a direita) e 6 nefrolitotomias devido a cálculo em divertículos calicinais (5 a direita e 1 a esquerda). A taxa de stone-free foi de 97%. Em 85,8% dos pacientes foi implantado cateter ureteral com tempo médio do permanência de 12 semanas (3 a 18 semanas). Houve 8 casos com necessidade de conversão (8,6%): 4 ureterolitotomias por dificuldades técnicas devido a cálculos aderidos à mucosa ureteral ou submucosos; 3 pielolitotomias por intensa inflamação peripiélica; 1 pielolitotomia por hemorragia em paciente com nefrolitotomias abertas prévias ipsilaterais. Ocorreram 2 complicações intra-operatórias: lesão de veia cava inferior, porém sem necessidade de hemotransfusão, e lesão intestinal. Taxa de complicações pós-operatórias: 14%, todas classificação Clavien-Dindo II (ITU). Tempo médio de internação foi de 2,8 dias (2 a 17 dias).
Conclusão
A eficácia e a segurança da laparoscopia em casos complexos de litíase urinária foram reafirmadas com os dados deste trabalho. Trata-se de uma alternativa minimamente invasiva no tratamento desses cálculos desafiadores.
Área
Litíase / Endourologia
Instituições
Hospital Universitário de Brasília - Distrito Federal - Brasil
Autores
MARIO BEZERRA DA TRINDADE NETTO, PEDRO RINCON CINTRA DA CRUZ, FRANSBER RONDINELLE ARAÚJO RODRIGUES, LUIZ ANGELO DE MONTALVÃO MARTINS, SAVIO ARLINDO COELHO BARBOSA, VICTOR CORDEIRO MURAD, SARAH ROCHA STABILE PATROCÍNIO, PEDRO GUILHERME MENDONÇA CARAPITO, VITOR PAIVA PIRES, FERNANDO AUGUSTO FERREIRA DIAZ