Dados do Trabalho

Título

RESULTADOS DE ELETROEJACULAÇAO PARA RECUPERAÇAO ESPERMATICA EM PACIENTES APRESENTANDO ANEJACULAÇAO

Introdução e Objetivo

A anejaculação é uma condição que acomete majoritariamente paciente com distúrbios neurológicos, mas que também pode ter causas psicogênicas e representa barreira importante para os casais desejando gestação, uma vez que a recuperação espermática para reprodução assistida não é possível através de masturbação. Dentre as técnicas disponíveis para recuperação espermática em pacientes com anejaculação, destaca-se a eletroejaculação, que é bastante efetiva na indução de ejaculação. O objetivo deste trabalho é apresentar os resultados da eletroejaculação em um grupo de pacientes com anejaculação.

Método

Foram recuperados dados de pacientes que compareceram em centro de reprodução assistida entre os anos de 2017 e 2023 apresentando anejaculação e com desejo de fertilidade, que foram submetidos ao procedimento de eletroejaculação para recuperação espermática. Dentre os dados analisados as principais variáveis foram a via de recuperação seminal (anterógrada ou retrógrada), a voltagem com a qual foi obtida a ejaculação e os parâmetros de qualidade seminal. Além destes, foram colhidos dados demográficos relacionados a doença de base levando à anejaculação bem como o perfil hormonal dos pacientes.

Resultados

Neste estudo, 17 pacientes foram submetidos ao procedimento de eletroejaculação para recuperação espermática com finalidade de reprodução assistida. Destes, 15 pacientes eram pacientes com lesões medulares com idade média de 37,3 anos e com tempo médio decorrido desde a lesão de 14,2 anos. A realização de eletroejaculação nestes pacientes resultou em indução de ejaculação em todos os pacientes sendo que em 86,6% das vezes a ejaculação foi anterógrada com volume ejaculado médio de 1,25ml e em 13,4% retrógrada. A voltagem média com a qual foi obtida ejaculação foi de 14,4V. A análise seminal revelou azoospermia em 26,7%, presença apenas de espermatozoides imóveis em 46,7% e espermatozoides móveis em outros 26,6%. Em 2 pacientes a causa da anejaculação era psicogênica e a realização da eletroestimulação nestes pacientes resultou em ejaculação retrógrada em um deles e não foi obtida ejaculação no segundo paciente mesmo com a aplicação de correntes de até 25V. Não foram registradas complicações do procedimento em nenhum paciente.

Conclusão

Neste estudo o procedimento de eletroejaculação se mostrou bastante seguro e com efetividade muito alta para indução de ejaculação anterógrada, especialmente nos pacientes com lesões neurológicas. A qualidade seminal obtida, no entanto, foi em geral pouco satisfatória.