Dados do Trabalho
Título
PADRAO ECOGRAFICO POS-OPERATORIO DE PIELOPLASTIA: ECOGRAFIA E SUFICIENTE PARA ACOMPANHAMENTO DE PIELOPLASTIA PEDIATRICA?
Introdução e Objetivo
A pieloplastia é o tratamento padrão-ouro da estenose da junção ureteropiélica (JUP), com elevadas taxas de sucesso reportadas em crianças. O diâmetro ântero posterior (DAP) da pelve renal postulou-se como a variável ecográfica mais fidedigna no seguimento ecográfico pós operatório dos pacientes, a redução do seu diâmetro seria indicativa de desobstrução da via urinária. O objetivo deste trabalho é avaliar a validade da ultrassonografia (USG) como único exame no seguimento pós-operatório como preditor de desobstrução da via urinária.
Método
Trata-se de um estudo retrospectivo, em que foram coletados dados de pacientes submetidos à pieloplastia aberta e videolaparoscópica na faixa etária pediátrica (0-18 anos) no período de 2005 a 2021. Apenas os pacientes com USG pré e pós-operatória disponíveis e com pelo menos 2 anos de seguimento foram incluídos no estudo. A pieloplastia desmembrada de Anderson-Hynes foi realizada em todos os pacientes por via aberta ou laparoscópica por duas equipes (Urologia Pediátrica e Cirurgia Pediátrica). A variação do DAP pré e pós operatório (ΔDAP) foi analisada e a relacionada com a desobstrução urinária e a necessidade de repieloplastia.
Resultados
Foram incluídos 66 pacientes submetidos à pieloplastia com USG pré e pós operatória e follow-up de 2 anos. A maioria dos pacientes era do sexo masculino (77%) com idade média de 18 meses no momento da cirurgia. Apenas 30% dos pacientes apresentavam sintomas pré-operatórios, sendo a mais comum infecção urinária de repetição, e 34% apresentavam comorbidades, sendo a maioria (56%) nefrourológicas, como, duplicidade pieloureteral contralateral (1/66), estenose JUP contralateral (3/66) e refluxo vesicoureteral contralateral (1/66). Todos os pacientes foram acompanhados com ultrassom; entretanto, informações sobre o ΔAPD estavam disponíveis para 54% dos pacientes no US precoce e 93% no USG tardio. Além disso, 38% (25/66) dos pacientes realizaram pelo menos uma cintilografia no pós-operatório. Sendo assim, no USG precoce (< 3 meses), 67% dos pacientes apresentaram redução no DAP e no USG tardio (> 6 meses) 84% tiveram redução do DPA. Apenas um paciente evoluiu com necessidade de repieloplastia, o mesmo apresentou aumento de 11mm (55%) no DAP.
Conclusão
O follow-up com a ultrassonografia mostrou-se suficiente, sendo a cintilografia reservada apenas para os pacientes sem melhora do DPA na ultrassonografia tardia. Com essa abordagem, nós poderíamos evitar cintilografias em 84% dos pacientes.
Área
Urologia Pediátrica
Instituições
Hospital de Clínicas de Porto Alegre - Rio Grande do Sul - Brasil
Autores
MICHELE PAULA DOS SANTOS, YNA SILVA RAMOS, ANTÔNIO REBELLO HORTA GORGEN, RENAN DE OLIVEIRA TIMÓTEO, IARA REGINA SIQUEIRA LUCENA, PATRIC MACHADO TAVARES, NICOLINO CESAR ROSITO, TIAGO ELIAS ROSITO