Dados do Trabalho
Título
RETALHO DE TUNICA VAGINAL EM RECONSTRUÇAO DE FERIMENTO TESTICULAR COMPLEXO POR ARMA DE FOGO
Introdução e Objetivo
O trauma escrotal penetrante, embora menos comum que o contuso, é mais grave e, em geral, requer exploração cirúrgica. Lesões por arma de fogo resultam em maior lesão da túnica albugínea, promovendo extrusão de parênquima testicular e necessitando de tecido para fechamento primário da lesão e preservação do testículo. Mais de 90% dos testículos com rotura de túnica albugínea podem ser preservados por cirurgias adequadas dentro de 72 horas. O diagnóstico tardio poderá causar diversas complicações como infertilidade, disfunção hormonal, isquemia, atrofia, dor crônica, infecção, abscesso, entre outros. O objetivo do estudo é analisar diferentes formas de fechamento primário da túnica albugínea.
Método
Trata-se de uma revisão bibliográfica, associado a um relato de caso de um homem de 27 anos, vítima de ferimento por arma de fogo em coxa esquerda, submetido a exploração escrotal e retalho de túnica vaginal para fechamento primário da túnica albugínea. As informações foram coletadas de plataformas de dados como PubMed, UpToDate e Scielo, com artigos redigidos em língua inglesa e portuguesa, incluindo as palavras-chave: trauma escrotal, penetrante, ferimento por arma de fogo. Os critérios de seleção envolveram relevância para o estudo, atualidade (2007-2023) e fatores de impacto dos artigos.
Resultados
No presente caso, o fechamento primário não seria possível devido à destruição da túnica albugínea. Neste contexto, remover túbulos seminíferos poderia acarretar infertilidade. A realização de patch de túnica vaginal foi uma escolha adequada de tratamento neste caso e verifica-se, no presente momento, a melhor alternativa em bibliografia. O uso de enxerto artificial foi testado anteriormente como um método alternativo para cobrir o defeito na túnica albugínea, porém este enxerto resulta em altas taxas de infecção, devendo ser evitada. Em um estudo retrospectivo, de 17 lesões por arma de fogo no escroto, 9 (52%) atingiram o testículo, todos necessitando enxerto ou retalho. Destes, 2 (22,2%) usaram PTFE (polytetrafluoroethylene), todos evoluindo com abscesso e orquiectomia. O restante (7 casos - 77,7%) utilizaram a técnica de retalho de túnica vaginal, com atrofia mínima do testículo.
Conclusão
Conclui-se, assim, que a utilização de retalho de túnica vaginal para fechamento primário de uma lesão com extrusão de parênquima testicular e/ou destruição significativa de túnica albugínea, é uma escolha adequada e com resultados positivos a longo prazo para maior preservação do parênquima testicular e de sua funcionalidade.
Área
Trauma / Uretra / Urologia Reconstrutora
Instituições
Santa Casa de Misericórdia de São Paulo - São Paulo - Brasil
Autores
BRUNO ROMERO GUIMARAES PEREIRA, RAFAEL ERNST GRUNEWALD, PEDRO DI FRANCESCO VEIGA, MARCIO ROSA PAGAN, LUIS GUSTAVO MORATO DE TOLEDO