39° Congresso Brasileiro de Urologia

Dados do Trabalho


Título

AVALIAÇAO DO PERFIL DE EXPRESSAO DAS PROTEINAS DE REPARO MISMATCH E SEU SIGNIFICADO PROGNOSTICO NO CANCER DE PROSTATA

Introdução e Objetivo

O Câncer de Próstata tem se mostrado bastante heterogêneo do ponto de vista molecular e a caracterização genética de tumores é hoje mandatória para a instituição de tratamento personalizado, baseado em drogas alvo-moleculares e inibidores do checkpoint imunológico. O sistema de reparo do tipo mismatch é um dos responsáveis pela manutenção da integridade genômica após o evento replicativo, atua como um importante biomarcador preditivo de resposta à imunoterapia na doença metastática, tendo sido pela primeira vez utilizado como fator preditivo de resposta a terapia com o uso de inibidores de checkpoint de modo agnóstico, baseado na alteração molecular e não na origem da neoplasia. A frequência da perda das proteínas de reparo mismatch (MSH2, MSH6, MLH1 e PMS2) não é conhecida na população brasileira e o presente estudo tem por objetivo avaliar o perfil de expressão dessas proteínas em um grupo de pacientes com seguimento de longo prazo. 

Método

Cento e doze pacientes com câncer de próstata localizado com idade média de 64 (±7,3) anos e PSA médio de 10,8 (±7,7) ng/mL, foram submetidos à prostatectomia radical e acompanhados por um tempo médio de 79 (± 22,4) meses. A graduação de Gleason foi 6 em 29 (25,9%) pacientes, 7 em 38 (33,9%), 8 em 35 (31,3%) e 9 em 10 (8,9%). A expressão das proteínas de reparo MSH2, MSH6, MLH1 e PMS2 foi avaliada pela técnica imuno-histoquímica em tissue microarray contendo duas amostras representativas de cada tumor.

Resultados

Houve perda de expressão de MLH1 em 23 (20,5%), PMS2 em 20 (17,9%), MSH6 em 20 (17,9%) e MSH2 em 2 (1,8%) casos. A perda de expressão de MSH6 correlacionou-se com maiores níveis de PSA [MSH6(-) – 15,2 (±11,0) ng/mL; MSH6(+) 10,2 (±6,8) ng/mL; p= 0,026]. Quarenta e cinco pacientes (40,2%) sofreram recidiva. A curva de Kaplan Meier mostra que a perda da expressão de MLH1 e PMS2 correlacionou-se com melhores índices de sobrevida livre de recidiva (p= 0,028 e p= 0,021 respectivamente).

 

Conclusão

Demonstramos que a perda de expressão de MSH6 está relacionada com maiores níveis de PSA e ao contrário a expressão de MHL1 e PMS2 relacionou-se com piores taxas de sobrevida livre de recidiva bioquímica. Podemos especular que a perda de expressão de proteínas participantes do sistema de reparo do tipo mismatch pode predispor a uma maior instabilidade genética, aumentando a atividade do sistema imune ou induzindo a morte celular, melhorando as taxas de sobrevida dos pacientes. Esses dados requerem estudos experimentais para confirmação.

Área

Ciência Básica

Instituições

Centro Universitário São Camilo - São Paulo - Brasil

Autores

KARINA SERAFIM DA SILVA, RUAN PIMENTA, JOSÉ PONTES JR, RAFAEL FERREIRA COELHO, MAURÍCIO CORDEIRO, MIGUEL SROUGI, WILLIAN NAHAS, SABRINA THALITA REIS, KATIA RAMOS MOREIRA LEITE