39° Congresso Brasileiro de Urologia

Dados do Trabalho


Título

AVALIAÇAO DA MORTALIDADE POR ACIDENTE VASCULAR ENCEFALICO EM HOMENS COM CANCER DE PROSTATA SUBMETIDOS A PRIVAÇAO ANDROGENICA EM COMPARAÇAO A OUTRAS TERAPIAS: REVISAO SISTEMATICA E META-ANALISE

Introdução e Objetivo

O Câncer de Próstata, neoplasia mais prevalente entre homens, é um importante entrave à saúde pública mundial. Uma vez que o desenvolvimento tumoral é altamente dependente de andrógenos, a terapia de privação androgênica desempenha papel primordial no tratamento da doença. Porém, seus efeitos colaterais, dentre os quais destacam-se as patologias cerebrovasculares, ainda são incertos, bastante conflitantes e não estão consolidados na literatura. Assim, o objetivo deste estudo é avaliar as evidências disponíveis acerca da relação entre a privação androgênica e mortes por eventos cerebrovasculares em pacientes com câncer de próstata.

Método

Fontes de literatura foram pesquisadas usando os bancos de dados Pubmed/MEDLINE, Scopus e Cochrane Library. A metodologia do Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses (PRISMA) com avaliação do risco de viés foi seguida. Foram incluídas apenas publicações nas quais foram confrontados os desfechos de mortalidade por causa cerebrovascular em pacientes com câncer de próstata submetidos à privação androgênica em comparação a outras terapias. O gerenciamento de referências foi feito usando Rayyan e a produção de gráfico em floresta e meta-análise o sistema Revman 5. A heterogeneidade foi calculada por I2.

Resultados

A pesquisa nas bases científicas revelou inicialmente 1621 artigos. Após a seleção, 4 estudos foram elegíveis para extração de dados, incluindo um total de 93385 pacientes. A terapia de privação androgênica foi a terapia de escolha em 36.324 pacientes (38,9%). O seguimento variou de 4,8 a 9,1 anos e 79,7% dos pacientes apresentaram um Escore de Gleason inferior a 8. A mortalidade relacionada ao Acidente Vascular Encefálico foi significativamente maior em pacientes tratados com privação em comparação com terapias não-privativas, mas com alta heterogeneidade entre os estudos (OR 1,71; IC 95% 1,21-2,42; p = 0,003; I2 = 62%).

Conclusão

Em homens com câncer de próstata, a terapia de privação androgênica apresentou maiores índices de mortalidade por causa cerebrovascular em comparação a outros manejos, apesar de escassas evidências na literatura, com poucos estudos e com alta heterogeneidade. Esses achados sugerem que a decisão terapêutica precisa ser individualizada e ressaltam a urgente necessidade de estudos controlados adicionais em pacientes com câncer de próstata para avaliar o papel desempenhado pelos androgênios na proteção cerebral.

Área

Uro-Oncologia

Instituições

Universidade de São Paulo (USP) - São Paulo - Brasil

Autores

MATHEUS MENAO MOCHETTI, PLÍNIO TAKASHI KARUBI PALAVICINI SANTOS, FELIPE JUN KIJIMA, LUCAS JORDÃO, CARLOS EDUARDO DIAS OLIOZE, JOÃO CARLOS LEITE CRUZ, GIOVANNA PAGANI PACCOLA, AGUINALDO CESAR NARDI