Dados do Trabalho
Título
“ESTUDO DA CORRELAÇÃO ENTRE A BIÓPSIA DE TEMPO ZERO E DAS CARACTERÍSTICAS CLINICAS DO DOADOR E DO RECEPTOR COM A ESTIMATIVA DE FILTRAÇÃO GLOMERULAR TARDIA EM TRANSPLANTADOS RENAIS.”
Introdução e Objetivo
Introdução: O transplante renal é considerado o tratamento de escolha para doença renal crônica em estágio terminal. Para aumentar a disponibilidade de órgãos, a biopsia de tempo zero é amplamente utilizada, orientando a alocação de órgãos em transplantes de doadores falecidos. Entretanto, as evidências de que estejam associadas à importantes desfechos clínicos ainda permanece incerta. Objetivo: Correlacionar achados da biopsia em tempo zero com as taxas de filtração glomerular estimada ao final de um ano considerando as principais variáveis relacionadas tanto aos doadores como aos receptores, na tentativa de identificar uma possível interação entre elas e sua eventual interferência na função renal tardia.
Método
Estudo de coorte retrospectivo transversal que analisou 392 transplantes realizados em um hospital de referencia entre 2007 a 2017. Os achados histopatológicos da biopsia em tempo zero foram avaliados, assim como as principais variáveis clinicas e laboratoriais (receptores e doadores). A partir desses dados foram construídos modelos de regressão linear considerando-se os critérios histológicos a partir da biopsia correlacionando com a taxa de filtração glomerular ao final de 1 ano. Uma segunda análise da taxa de filtração glomerular ao final de 1 ano foi realizada levando-se em conta os critérios histológicos e as principais variáveis do doador e do receptor.
Resultados
Modelo 1: as principais alterações na biopsia em tempo zero que se correlacionaram negativamente com a taxa de filtração glomerular ao final de 1 ano foram a glomeruloesclerose (p=0.02), as alterações intersticiais (p=0.03) e as tubulares (p=0.048). Modelo 2: a maior idade do doador, a presença de rejeição durante o seguimento e o tempo de isquemia fria foram os fatores que impactaram negativamente.
Conclusão
A biopsia em tempo zero continua a ter seu papel na decisão sobre alocação de órgãos para transplante renal, mas além da glomeruloesclerose, as alterações tubulares e intersticiais também devem ser valorizadas. Nossos resultados mostram que é possível realizar o transplante renal em casos selecionados, mesmo com uma biópsia não favorável. Nesta situação, rins com biopsias marginais provenientes de doadores jovens e com baixo tempo de isquemia fria poderiam ser utilizados com objetivo de aumentar a oferta de órgãos, sem prejuízo significativo da função renal ao final de um ano.
Área
Transplante Renal / Miscelânea
Instituições
Universidade Estual Paulista - São Paulo - Brasil
Autores
Edson Garcia Fontes, JOSE HENRIQUE CAPELARI DA COSTA , VICTOR SARTORAO MAIA , CAROL COLLI CRUZ, BRUNO DE MATOS MORAES , FERNANDO FERREIRA GOMES FILHO , HAMILTO AKIHISSA YAMAMOTO, JOAO LUIZ AMARO , RODRIGO GUERRA DA SILVA, PAULO ROBERTO KAWANO