39° Congresso Brasileiro de Urologia

Dados do Trabalho


Título

AVALIAÇAO DO ESTUDO URODINAMICO EM PACIENTES COM BEXIGA HIPERATIVA E A CORRELAÇAO COM SINTOMAS DO TRATO URINARIO INFERIOR DE ESVAZIAMENTO

Introdução e Objetivo

A síndrome da bexiga hiperativa é caracterizada pela urgência miccional, com ou sem urgeincontinência, geralmente associada a aumento da frequência urinária e noctúria, na ausência de outra patologia óbvia comprovada, de acordo com Comitê para Padronização da International Continence Society.

Devido a patologia ser prevalente em homens e mulheres tal estudo foi desenvolvido para entender um dos aspectos que seria a correlação da hipercontralidade detrusora ou ausência desta correlacionando a mesma aos sintomas de bexiga hiperativa mostrados clinicamente, e isso será estudado através dos dados dos exames de urodinâmica.

Método

O delineamento do trabalho consistiu em um estudo retrospectivo transversal com análise de dados de 163 pacientes submetidos a estudo urodinâmico de março de 2020 a outubro de 2021, realizados em hospital de atenção terciária em Curitiba. O projeto do trabalho foi submetido para aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa. Critérios de inclusão: 1. Pacientes do sexo feminino com sintomas de bexiga hiperativa. Critérios de exclusão: 1. Pacientes do sexo masculino; 2. Causas neurogênicas de bexiga hiperativa; 3. Pacientes com informações incompletas nos Estudos Urodinâmicos e/ou prontuários. Todas as mulheres foram submetidas a uma anamnese anteriormente ao estudo urodinâmico, na qual foram avaliados o histórico de bexiga hiperativa (urgência, urge-incontinência urinária, aumento da frequência urinária e noctúria). Os sintomas de Bexiga Hiperativa foram categorizados como secos ou úmidos, de acordo com o relato de escape urinário associado pela paciente. Os exames foram realizados conforme orientações da ICS. Entretanto, não foram utilizados cateter duplo lúmen 6Fr com bomba de infusão devido indisponibilidade do material pelo Sistema Único de Saúde. Ressalta-se que durante o exame numa eventual suspeita de sintomas do trato urinário inferior a sonda uretral de infusão era, preferencialmente, retirada para que não houvesse interferência na avaliação da fase de estudo pressão-fluxo. A identificação de contrações involuntárias do detrusor associadas à urgência e/ou urge-incontinência durante a fase cistométrica, além da sensibilidade, capacidade e complacência vesicais, foram registradas durante o enchimento vesical com soro fisiológico. A disfunção miccional de esvaziamento feminina, foi descrita como hipoatividade detrusora ou obstrução infravesical. A hipoatividade detrusora foi definida com Fluxo máximo ≤15mL/s e Pressão detrusora no fluxo máximo ≤20cmH2O, já a obstrução infravesical foi definida com Fluxo máximo ≤15mL/s e Pressão detrusora no fluxo máximo >20cmH2O.

Resultados

Conclusão

Neste estudo, verificamos que mais da metade das mulheres com sintomas de bexiga hiperativa coexistiam com disfunção miccional por estudo urodinâmico. Portanto, o estudo urodinâmico desempenha um papel importante no diagnóstico dessas pacientes com sintomas de bexiga hiperativa, quanto à presença de disfunção miccional. A hiperatividade detrusora tem sido considerada uma das principais características da bexiga hiperativa. Hashim e Abrams mostraram que urgência e incontinência urinária são bons preditores da presença de hiiperatividade detrusora. Em algumas revisões do estudo urodinâmico, mais de 90% das mulheres com obstrução do colo vesical tinham sintomas de bexiga hiperativa associados à obstrução. Assim, o papel do estudo urodinâmico no diagnóstico inicial de bexiga hiperativa em mulheres permanece controverso. O número de mulheres com sintomas de bexiga hiperativa que apresentaram obstrução infravesical no presente estudo excedeu consideravelmente a faixa de normalidade. Pode se inferir que quando comparadas a uma população de mulheres sem sintomas miccionais, as mulheres com bexiga hiperativa podem ter uma taxa maior de obstrução infravesical. Mulheres com obstrução infravesical queixam-se não apenas de sintomas obstrutivos, mas também de sintomas de armazenamento. Mulheres com hipoatividade detrusora geralmente queixam-se de sintomas obstrutivos. No entanto, alguns deles têm como queixa principal os sintomas de armazenamento. Sem estudo urodinâmico, um diagnóstico exato não pode ser feito nesta situação.

A bexiga hiperativa consiste em um diagnóstico clínico, em que parte das pacientes não apresenta hiperatividade derusora no estudo urodinâmico. A disfunção miccional de esvaziamento feminina apresenta aspectos clínicos e parâmetros urodinâmicos intimamente relacionados com os padrões miccionais de hipoatividade detrusora e obstrução infravesical. A obstrução infravesical está presente em pacientes com hiperatividade detrusora, entretanto apenas a hiperatividade detrusora não é suficiente para definir a presença de disfunção miccional de esvaziamento feminina. 

Área

Disfunções Miccionais: IU / Urologia Feminina / Uroneurologia / Urodinâmica

Instituições

Santa Casa de Curitiba - Paraná - Brasil

Autores

RAFAEL DIAS DA CUNHA, FERNANDA HERNANDES CINTRA, DOUGLAS JUN KAMEI, AQUILES JOSE FRIDRICHSEN, HENRIQUE BURGER, JOAO DIAS NETO, IAGO RODRIGUES DA COSTA, GABRIEL BOBATO, MARIANA CRISTINA GOMES MORILA, GUSTAVO BONO YOSHIKAWA