39° Congresso Brasileiro de Urologia

Dados do Trabalho


Título

ENXERTO AUTOLOGO DE MUCOSA DE BEXIGA EXTRAIDA COM HOLMIUM LASER (HO-YAG) PARA O TRATAMENTO DA ESTENOSE DE URETRA. RESULTADOS PRELIMINARES DE UMA NOVA TECNICA CIRURGICA

Introdução e Objetivo

  Nosso objetivo é  descrever a técnica de retirada de enxerto do uroepitélio vesical por técnica minimamente invasiva, utilizando o Holmium laser (Ho-YAG), fonte de energia utilizada em larga escala em procedimentos endourológicos. O objetivo secundário é descrever os resultados preliminares de uma série de 7 casos utilizando esses enxertos para realizar uretroplastias substitutivas.

Método

Realizamos uretroplastias com enxerto dorsal ou dorso lateral  de mucosa vesical extraída por técnica minimamente invasiva utilizando o Holmium laser (Ho-YAG), em 1 tempo,  em 7 pacientes com diagnóstico de estenose de uretra anterior, recidivadas ou não, com indicação de uretroplastia substitutiva. Foram excluídos pacientes com malformações geniturinárias, histórico de radioterapia pélvica, histórico de neoplasia vesical e também aqueles com indicação de uretroplastia estagiada. Realizamos uma análise prospetiva e descritiva com uma urofluxometria realizada em 30, 90 e 180 dias após a cirurgia e com o questionário PROM, traduzido para a língua Portuguesa, aplicado pré e pós operatoriamente.  

Resultados

Dos 7 pacientes submetidos à uretroplastias, 2 (28,5%) apresentavam estenose de uretra peniana e 5 (71,5%) estenose de uretra bulbar, com comprimento médio de 50mm (35-60). Quanto a etiologia da estenose, 3 (42,9%) eram idiopáticas, 3 (42,9%) traumáticas e 1 (14,3) iatrogênica. 2 (28,6%) pacientes já haviam sido submetidos a uma uretroplastias com enxerto ventral de mucosa oral previamente. O comprimento médio do enxerto de mucosa vesical extraído foi de 52,86mm (± 13,801) e o tempo dispendido para a sua retirada foi de 46,43min (± 14,639). 5 pacientes (71,4%) não apresentaram complicações e/ou dificuldades técnicas per operatórias e tiveram suas cirurgias concluídas. Em 2 (28,6%), tivemos problemas relacionados à extração do enxerto. No primeiro caso a mucosa da bexiga foi queimada pelo laser e no segundo, o enxerto foi insuficiente para a conclusão do procedimento. Em ambos os casos, o procedimento foi concluído com a utilização de mucosa oral e os pacientes foram excluídos do estudo. 2 (28,6%) dos pacientes apresentaram hematúria de pequena monta entre o décimo segundo e décimo oitavo dia pós operatório, ambos sem necessidade de internação e/ou procedimentos complementares.   Todos os pacientes obtiveram normalização da urofluxometria (ml/s), mantida durante todo o  follow-up, com 30 dias (17,8 ± 3,271), 90 dias (20,6 ± 5,413) e 180 dias (19,6 ± 8,019).   Houve uma importante melhora no LUTS Score, com média de pontuação caindo de 19,3 para 5,4. Melhoras similares também foram observadas na ICIQ-MLUTS Score (Queda média de 3,8  para 2,0) e Peeling Picture Score (Queda de média de 4,0 para 2,2).  Nas variáveis relacionadas à melhora na qualidade de vida, houve um incremento médio de 0,6371 para 0,7285 no EQ-5D e de 58,0 para 84,0 no EQ-VAS indicando melhora na qualidade de vida após a uretroplastia.    

Conclusão

A colheita de enxerto do uroepitélio vesical por técnica minimamente invasiva, utilizando o Holmium laser (Ho-YAG) como fonte de energia para o tratamento de paciente com estenose de uretra é uma técnica segura e reprodutível, mas exige treinamento.   Os resultados preliminares deste estudo apontam que a mucosa de bexiga, quando mantida em meio úmido e posicionada dorsalmente, em casos selecionados, pode trazer resultados semelhantes a outros tipos de enxerto mais populares.   Um maior número de casos, preferencialmente multicêntricos, e um follow-up mais longo são necessários para a confirmação destes resultados.

Área

Trauma / Uretra / Urologia Reconstrutora

Instituições

Hospital Universitário Pedro Ernesto/UERJ - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

LUIZ AUGUSTO WESTIN DE CARVALHO, JOAO BOECHAT, PEDRO NICOLAU GABRICH, FELIPE FIGUEIREDO, LUCIANO ALVES FAVORITO